No domingo, o meu deus de dentro costuma sair de férias. E eu, sem ele, sento-me perdida.
Mas hoje (quer dizer, domingo), me foi bem porque eu tinha que escrever, e ele fez me sentir a sua presença, o meu deus de dentro.
Ele está sempre muito faminto, tem que se nutrir de novidades, de coisas que chamem a atenção dele, para ficar em saúde. Quando isso vem a faltar, o deus de dentro sobrevive com desafios menores, com o trabalho que o sacudi, com o movimento.
Se também isso vai faltar, ele morre.
Depois renasce, claro. Ou, pelo menos, isso está claro para mim.
Se também isso vai faltar, ele morre.
Depois renasce, claro. Ou, pelo menos, isso está claro para mim.
Mas quando morre, ele ser parte de mim, ou eu ser parte dele, é agonizador (? ou deveria dizer exaustivo?). Quero dizer, é exaustivo esperar que ele nasça de novo.
Pensava que deve ser um deus de dentro tão exigente que passa o confim do capricho, mas apesar de tudo, nunca brigo com ele. Para dizer a verdade, eu o adoro.
Dois anos atrás comecei a escrever um roteiro para um longa, chamado "Não fomos bons".
Relendo-o, estou achando que esse micro-textinho fosse particularmente autobiográfico:
“É assim que vão as coisas muitas vezes. As pessoas se abrem comigo, me contam de se mesmas, desabafam. Se desnudam com palavras que nem para um desconhecido, se sentem livres de me dar conselhos depois ter ganhado de mim as informações mais superficiais. Acreditam que duas palavras sobre a minha privacidade sejam suficientes para me conhecer em profundidade, mas a verdade, é que a parte isso, eu não falo nunca.
Escuto. E pergunto. Pergunto muito.
E nas lembranças desfocadas da multidão, o meu perguntar se torna um dizer sem interrogação. Se torna um contar.
A verdade é que não me escutam com facilidade, o meu falar não tem muito espaço. O meu papel é ser um balde onde derramar os lamentos do desespero, as confidências mais maliciosas, as criticas mais cruéis.
Mas acontece também que as pessoas me confiem os seus sonhos.
Sem querer elas me protegem, cuidam de mim.
Me dão calor.
E eu, arrancada por uma infinita tristeza, antes o depois, as abandono".
Pensava que deve ser um deus de dentro tão exigente que passa o confim do capricho, mas apesar de tudo, nunca brigo com ele. Para dizer a verdade, eu o adoro.
Dois anos atrás comecei a escrever um roteiro para um longa, chamado "Não fomos bons".
Relendo-o, estou achando que esse micro-textinho fosse particularmente autobiográfico:
“É assim que vão as coisas muitas vezes. As pessoas se abrem comigo, me contam de se mesmas, desabafam. Se desnudam com palavras que nem para um desconhecido, se sentem livres de me dar conselhos depois ter ganhado de mim as informações mais superficiais. Acreditam que duas palavras sobre a minha privacidade sejam suficientes para me conhecer em profundidade, mas a verdade, é que a parte isso, eu não falo nunca.
Escuto. E pergunto. Pergunto muito.
E nas lembranças desfocadas da multidão, o meu perguntar se torna um dizer sem interrogação. Se torna um contar.
A verdade é que não me escutam com facilidade, o meu falar não tem muito espaço. O meu papel é ser um balde onde derramar os lamentos do desespero, as confidências mais maliciosas, as criticas mais cruéis.
Mas acontece também que as pessoas me confiem os seus sonhos.
Sem querer elas me protegem, cuidam de mim.
Me dão calor.
E eu, arrancada por uma infinita tristeza, antes o depois, as abandono".
Assim, eu me sentia.
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