Continuo pensando que quando tenho demasiado tempo para pensar em mim, eu não sou mais eu. Mesmo não sabendo quem sou eu.
Hoje o dia foi muito curto enquanto fiquei mexendo numas coisas importantes para mim.
O tempo passou rápido, de verdade. Mas quando o computador apagou e não quis mais ligar para umas horas... e eu não tinha um livro verdadeiramente bom comigo (que não tivesse já lido), tudo parou e eu não consegui nem tocar um pouco de violão. O tempo, as coisas, as pessoas, tudo parecia paralisado, como se tivesse apertado o stop com um dedo.
E o vazio me mordeu o estomago.
Me repito: "não se deixa invader, não deixa as sombras entrar, não se deixa esvaziar das boas energias que com tanto esforço concentra em você, não deixa a cabeça ir atrás das sombras, não feche os olhos, pense em admirar tudo o que está ao seu redor e procure. Procure o interessante, o estimulante, mas não feche os olhos, se da um presente... vai procurar um livro bello". Isso é o que eu falo para mim quando me parece que a força de gravidade esta me deixando encadeada ao chão, quando eu não sou mais eu.
Quando isso acontecia em Cagliari, ou em Carloforte, eu ia perto do mar, e a sua presença me acalmava. Quando acontecia em Roma, eu saia de casa e caminhava pelas ruas todas da cidade, parando só para encher os olhos de novos lugares apenas descobertos. E sempre ia na livraria Feltrinelli, e as vezes comprava um livro. E não comia quase nada pois isso me fazia sentir mais limpa. E caminhava o dia inteiro, para tirar de mim um pouco de obscuridade a cada passo.
Na Grecia tentava fazer um pouco de tudo, caminhar, escrever... mas lá era mais difícil, as vezes não conseguia derreter ao sol a minha melancolia e as noites também ficavam atormentadas.
Em Buenos Aires ia de bicicleta o dia todo, possivelmente até o Rio/Mar. Sempre adorei o caminho desde a minha casa até lá. Caos e desordem nos quais eu podia esquecer quem eu não queria ser.
Penso tanto a coisas como Quem sou? Quem eu quero ser? Como eu quero ser esse Quem? e não entendo ainda se pensar nisso faz sentido.
Hoje tinha vontade de un quadrinho bonito, um quadrinho que já vi na FNAC, sobre a Faixa de Gaza. Mas esta muito caro e decidi que vou comprar ele quando for festejar alguma coisa, e não para um capricho do humor. Então foi comprar um vinho e escolhi um Bordeaux.
Me senti melhor, porque o bebi com uns amigos e, em silencio, compartilhei um pouco da minha melancolia com eles. E eles, aceitando algo que eu tinha trazido, fizeram me sentir melhor.
Adoro quando as pessoas bebem ou comem as coisas que eu ofereço. Uma vez, voltando do Norte Argentino para Baires, o ónibus quebrou, e enquanto todo mundo esperava no meio da Puna que a solução mais rápida chegasse, eu comecei a oferecer para todos, o meu pacote aberto daquele mais inflado lá... Todo mundo colocava a mão dentro do pacote e eu estava muito alegre por causa disso.
Mas agora é melhor se paro. Acho que é.
=)
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